Nosso trabalho intenciona
reconstruir as imagens da cidade a partir do que escapou ou estrategicamente
não apareceu, ou do que foi visto apenas em parte. Encontrar outras cidades
pela atividade fotográfica dinamizada por uma interpretação antropológica e
literária
Nas imagens estão
impregnadas as tensões, tradições e interesses que dinamizam a construção de um
rosto, sua feição, seu sentido, sua rosticidade que é desenhada nesse
movimento. Sendo assim, a ideia de desver a cidade pode operar um recuo
fotográfico e beirar a cidade pelo fundo, pelas brechas, mostrar outras
experiências
Desver o urbano significa,
portanto, refazer outro percurso do olhar e desvendar espaços insuspeitados,
olhar para tudo que fuja da lógica capitalística dominante, todas as
possibilidades, linhas de fuga, os pequenos inventos criativos de todos os
dias, as sutilezas da vida cotidiana
O mundo diário – mundo de
profusão de gentes, falas, gestos, movimentos, coisas – abriga táticas do
fazer, invenções anônimas, desvios da norma, do instituído, embora sem
confronto, mas não menos dignos. A minúscula invenção cotidiana abriga
possibilidades e fundamentos de uma leitura do cotidiano. É com essa leitura
que nos ocuparemos a seguir.